terça-feira, 30 de junho de 2009

Me ensina???

E já não vivo mais... apenas sobrevivo!

Eu ainda não aprendi a falar pro meu coração não sofrer.
Eu ainda não aprendi a arrancar a dor lá de dentro.
Eu ainda não aprendi a virar a página, com tamanha rapidez.
Eu ainda não aprendi a melhor forma de viver sozinha.

Onde guardo tudo agora? Acabou? É pra sempre?
Um sentimento de desespero, de tristeza é o que me invade nesse momento.
Sou obrigada a colocar tudo em uma velha caixa de papelão, amarelada pelo tempo, amarrada com barbante e escrita com canetão e guardar em uma parte escura do meu armário de recordações: saudosas...
Não quero mais viver de lembranças, de saudosismo. A minha vida tem sido um verdadeiro remember de tudo que não vivi, de tudo que não fui, dos amores que não tive, de tudo que não consegui ser...

Por favor, um pouco de realidade! Não esta realidade escarnecedora, dilacerante e cruel. Mas um realidade gostosa, olfativa, florida, como Ipê na primavera.

Hoje estou aqui, mais uma vez me debulhando em lágrimas, e pensando no quanto que não presto. Não presto pro meu pai, não prestei pra você, não presto pra ninguém. Ser boa? Pra quê? Ninguém te nota.

Hoje, rumino nossas lembranças, os momentos bons que vivi. Rumino e regurgito, para sentir na boca, mais uma vez o gostinho do tempo em que fui feliz, do tempo, que mesmo enganadamente me senti amada. E quanto engano... neblina que se dissipa e me mostra a realidade: Estou só. O gosto amargo da solidão aperta e trava a minha boca e me prova mais uma vez que não fui capaz: Nem de amar o suficiente, e nem mesmo de ser amada.

Quanta incompetência!

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Pó e Cinza


Quando o tempo reconstrói sua força ao poder de suportar seu próprio peso, levanta o ninho...

Meu sangue virou vinagre. Acordei hoje azeda. Não azeda de suja, ou algo parecido. Mas com a alma azeda. Já se vai o dia e ainda não adocei. Nem sei se vou me adoçar hoje.

É que hoje estou com ódio. Nunca senti isso, ainda mais dessa forma. O ódio dói no meu peito e eu o alimento. Hoje não quero ser boa. Quero que ela se dane. Morra!

Acordei pedindo a Deus pra tirar esse ódio do meu peito. Mas acho que Ele não está muito bem comigo ultimamente. E o ódio está aqui. Uma hora ele há de sair, nem que seja descarregado de alguma forma, e nela, é claro.

Seria bom se sentimentos bons passassem por osmose. Mas não passam. Nem se eu quisesse. Vou ter que continuar a implorar a Deus, para esse ódio passar. Mas hoje também não quero mais pedir. Dane-se!

Meu coração está apertado. Murcho. Uva passa no fundo armário. Na minha frente, um papel em branco, lápis, teclado. E nada. Hoje não sai nada. Improviso, lamento, lágrimas, mais ódio e mais amor. Eles crescem proporcionalmente.

Estive essa semana pensando em escrever sobre a Fênix. Ah! A Fênix. Estava com o sentimento de renovação, de recomeço. Mas a desgraçada acabou com tudo. Vadia! A tal da vingança é a pior desgraça do ser humano. E como o ser humano é fraco, mesquinho, pálido, pávido. Um nada.
E hoje estou rancorosa. Não consegui fazer as palavras bailarem. Não dá pra escrever nada bonito. Hoje não há beleza. E é o sofrimento a maior inspiração da escrita. Mas hoje não. A vingança, lembra dela? Ela está me perseguindo. Eu a detesto. Mas ela não me afeta. Mas afeta quem eu amo. E como amo!

E volto a lembrar da Fênix. Ela é só. Solitária que só ela. Mas ela sempre renasce da cinza. Pó e cinza. Mas renasce uma ave, linda, dourada, radiante, tal como o sol. Ave forte, que carregava até elefante e todos os problemas do mundo.

Nesse momento sou pó. Mas te carrego amor. Carrego tudo que for preciso por você. Estou só. Sou pó. Mas eis que das minhas cinzas nascerá uma outra eu. Mais forte e tão radiante quanto a Fênix. E de novo te levarei comigo e mostrarei a ti que é preciso renascer. Do que é preto, cinza e desprezível, nasce o que há de mais belo: luz e esperança.

Hoje estou com ódio. Jamais de você. Mas dela. Estou pó, mas me preparando para entrar em combustão. Aguarde, eis que nascerá uma nova eu. E quanto a você? Te carrego sempre comigo.
Amo-te cada vez. Amo porque me conquistaste. Amo-te porque escolhi te amar. Como a Fênix. Infinitamente.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Morri, e eis aqui, considerações póstumas

E os vermes já comem a minha carne fria e sem vida. Meu coração ainda dói, e muito, e solta fel. Mas daqui a pouco, eles o comerão também, e essa melodia fúnebre, tocada debaixo desse céu azulado de outono, já não chegará aos meus ouvidos...

Vou falar com sinceridade. Ignorarei aqui a minha mediocridade, a minha insignificância. Hoje eu posso, ninguém pode me acusar. Defunta pode tudo.

Descobri ontem uma das faces da morte. Descobri que a morte pode ser muito mais que o stop do coração e cérebro. A dona da foice, tem uma face que se oculta no sentimento. E essa face foi a mim apresentada.

Senti que a morte chega lentamente. Assim como em um ataque cardíaco, os sintomas são os mesmos. Fui invadida por um sentimento de pavor, medo. De repente comecei a tremer e o meu corpo já não obedecia meu comando. Me faltou o ar, o sangue não chega ao cérebro, o coração bate acelerado, descompassado. Todo meu corpo em choque, em dormência, e comecei a morrer lentamente de inanição.

Hoje, meu o corpo já mostra visivelmente as marcas cadavéricas. Pele amarela, fria, olheiras, muita palidez, semblante longínquo, onde nota-se somente traços que um dia vivi, e amei e me decepcionei e sofri, e sofri e sofri. Então resolvi te contar como é morrer, escrevendo essa memória póstuma, como meu amigo Brás Cubas. Certa vez ele disse: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria”. Também não tive. E agora não posso ter. E a minha miséria jaz comigo. Não afetará ninguém.

Daqui, de lonnnnnnnge, desse lugar silencioso, frio, afetado, que cheira a sepulcro, sinto na boca o fel do abandono. Da minha lápide eu o observo, cantando, assoviando no chuveiro e nem mesmo se lamenta pela tal viuvez. Mas é que seu coração sempre teve dona, a mim ele foi dado somente por curto empréstimo.

Ai, sinto os vermes que já começam a comer, lentamente meu corpo e faz cócegas e dói, mas quero que eles cheguem logo ao meu coração e o coma, pois mesmo aqui, morta, sinto dor, uma dor cega, que me invade até os fios de cabelo. E como é estranho ficar aqui, sem poder fazer nada, sem contar a vocês o futuro. Não vejo muito, mas consigo enxergar algumas coisas.

Vejo meu amor, meu carrasco, minha Dona Morte, vejo mais uma vez seu sofrimento. As suas risadas, seu bom humor, suas piadas, de novo não perduraram por longo tempo. Você está lá, sentando, bebendo mais que nunca, apavorado, desconfiado, com medo de se envolver, com medo de confiar novamente. Acho que você também está morto. Morto não, talvez cego, e surdo e estagnado. Se você fosse ser muito feliz com sua escolha, eu sinceramente te daria meu sangue. Mas não, aqui eu vejo, será tudo como antes, mais uma vez.

Mas não posso fazer mais nada. Fui morta, você ajudou a me matar e daqui, do meu túmulo eu só vejo, e prevejo, mas estou inerte, os bichos me comem, tudo ainda dói. Não amor, agora não sou mais só sua, sou também dos vermes, e agora já não valho nada. Sou carcaça, inerte, imóvel e fraca.

Quando se sofre um ataque muito forte do coração, de acordo com a sua vontade de viver, você consegue fazer algumas escolhas. Eu tive duas. Viver ou morrer. Porém, se escolhesse a vida, eu iria vegetar. Então eu veria você, feliz, sofrer, e nem sequer eu poderia mexer. Então escolhi a morte. Ainda vou te ver, e sofrer, e te ver feliz, e te admirar, e te odiar, e te ver sofrer ainda mais. Porém foi tirado de mim o poder de fazer algo, mas quem sabe, agora, morta, Deus me ouça, e eu peço a Ele pra cuidar bem de você, como eu queria cuidar, te tomar nos braços, te dar o mundo. E mesmo magoada, como eu ainda te amo...

Não fui jornalista, não fui mulher, não fui sua esposa e nem a mãe dos seus filhos. Fui uma fraude e já não há nada para ser, lembro disso olhando o azul roxeado desse tecido aveludado que envolve meu caixão. As flores ainda cheiram, e como é ruim esse cheiro, lembra solidão. Mas isso são reclamações de uma defunta que, daqui a pouco, será pó. Estou morta. E é isso. Não adianta me comportar como se ainda vivesse. O sofrimento já não existe, o amor já não existe. Só morte. Morte, morte e morte. Entre vegetar e morrer, eu escolhi a morte, pois sinceramente nesse momento a “Morte Me Cai Bem”.


“Na vida, o olhar da opinião, o contraste dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos velhos, a disfarçar os rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as revelações que faz à consciência; e o melhor da obrigação é quando, à força de embaçar os outros, embaça-se um homem a si mesmo. Porque em tal caso poupa-se o vexame, que é uma sensação penosa, e a hipocrisia, que é um vício hediondo. Mas, na morte, que diferença! que desabafo! que liberdade! Como a gente pode sacudir fora a capa, deitar ao fosso as lantejoulas, despregar-se, despintar-se, desafeitar- se, confessar lisamente o que foi e o que deixou de ser! Porque, em suma, já não há vizinhos, nem amigos, nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos: não há platéia. O olhar da opinião, esse olhar agudo e judicial, perde a virtude, logo que pisamos o território da morte; não digo que ele se não estenda para cá, e nos não examine e julgue; mas a nós é que não se nos dá do exame nem do julgamento. Senhores vivos, não há nada tão incomensurável como o desdém dos finados”.

:(]

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Jornalista agora pode ser qualquer um

Decepções de ato consumado. E agora José?

Foi decidido ontem pelo nosso justo e reto Superior Tribunal Federal - STF que para exercer a profissão de jornalista não é mais obrigatório ter diploma. Falando em uma língua clara e nada culta, significa que você (um otário) que estudou durante quatro anos em uma universidade particular e pagou uma nota preta (cerca de 50 mil), ralou feito louco, quase endoidou de trabalhos (tanto na particular ou federal) para realizar o mísero sonho de ser jornalista, perdeu seu precioso tempo (e dinheiro), pois agora, qualquer Zé Mané pode exercer a profissão (se é que existe a profissão agora).

Quarenta anos depois de ter sido criado, o diploma de jornalista não é mais obrigatório. A decisão do Supremo libera as empresas de comunicação para contratar profissionais de outras áreas ou mesmo sem formação superior. De acordo com o excelentíssimo ministro-relator do processo, o presidente do STF, Gilmar Mendes, aquele que concedeu habeas corpus ao Daniel Dantas e bateu boca com o ministro Joaquim Barbosa durante sessão plenária e etc., “a formação específica em cursos de jornalismos não é meio idôneo para evitar eventuais riscos à coletividade ou danos a terceiros”. Olha que besteira! Se é assim, essa tal afirmação deveria valer para outras profissões também, como a advogado, dentista, cirurgião, por exemplo. Quem sabe também, para contador e economista, pois para isso, basta então saber aritmética. E como se não bastasse tal infeliz citação, ele ainda por cima, comparou o jornalista a um cozinheiro: “para ser bom, não precisa ter diploma”. Não é nada contra o cozinheiro, mas há coisas que não se comparam.
“Um excelente chefe de cozinha poderá ser formado em uma faculdade de culinária, o que não legitima o estado a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nesta área”, defendeu o relator. Ou o mestre da baboseira. Mais infeliz impossível a meu ver.

Os ministros Eros Grau, Cezar Peluso, Cármen Lúcia, Ellen Gracie, Ricardo Lewandowski, Carlos Ayres Britto e Celso de Mello tiveram a mesmíssima postura. Foram oito votos contra um. O único a votar pela exigência do diploma foi o ministro Marco Aurélio Mello, que defendeu que qualquer profissão é passível de erro, mas que o exercício do jornalismo implica uma “salvaguarda”. Para ele, “o jornalista deve ter uma formação básica que viabilize a atividade profissional que repercute na vida dos cidadãos em geral”. Sábias palavras.

É obvio que vou concordar que uma universidade não garante a qualidade do profissional. Culpa dos estudantes? da universidade? talvez seja principalmente culpa de quem deveria zelar e fiscalizar os cursos. As vagas nas universidades tem aumentado, junto com a oferta de novas universidades e centros universitários (que tratam a educação como mercadoria e visa somente o lucro) e tem jogado no mercado, milhares de profissionais despreparados. Nas universidades públicas há problemas de sucateamento, falta de investimentos, e muita coisa grave. Mas percebemos que o problema está em todas as áreas. E o que será feito?

Formei há dois anos, e tenho notado como está desprestigiada a profissão de jornalista no Brasil. Não há glamour, como pensam alguns, nem salários gordos, como ganham alguns, muitos poucos, digam-se de passagem. O que há é trabalho duro, falta de horário, enfrentamento de cara feia e grosserias, porta na cara e muito mais. Ninguém mais respeita o jornalista e nem o que escrevemos. E essa situação só vai piorar, de agora em diante. Qualquer um que souber o mínimo da gramática, ousará se incursionar pelo caminhos da escrita. Não sabem esses tais ministros que o jornalismo verdadeiro é muito mais que escrever um fato, mas é paixão. Uma paixão cortante e despretensiosa.

E como ficará a questão salarial, agora que qualquer um pode exercer a função. O piso já é baixo, e tende só a baixar mais, já que nem todas as empresas de comunicação se importam com a qualidade do conteúdo que publicam e sim com a diminuição da sua folha salarial.

O STF deixou claro que a decisão não acaba com o diploma, só com a exigência dele e, que os cursos de jornalismo não serão extintos, mas serão as empresas de comunicação é que vão definir os critérios para contratar os profissionais. Se quiserem, podem continuar a exigir o diploma de jornalismo. Rarará, parece até piada e de mau gosto. Quem vai exigir um diploma se ele pode encarecer a mão de obra? Meu Deus, são os resquícios da ditadura, realmente ela não acabou.
A questão da disseminação da informação na internet através dos blogs também foi citada. Uai, podemos comparar os blogs à editoria de artigos e editoriais, no qual qualquer pessoa pode colaborar? Na verdade, qualquer profissional sempre pôde ser um colaborador remunerado de um jornal, só não podia exercer em período integral da profissão de jornalista.

“A comunicação de ideias, do pensamento, hão de ser livres, permanentemente livres, essencialmente livres, sempre livres”, apontou lindamente Celso de Mello. Liberdade de informação, de pensamento é o c... dá pra ficar puta da vida. E olha a outra ideia: “Não se pode fechar as portas dessa atividade comunicacional, que em parte é literatura, arte, muito mais do que ciência, muito mais do que técnica. Não se pode fechar a atividade jornalística para expoentes”, defendeu Carlos Ayres Britto. Meu Deus, acho que estudei jornalismo em Marte, ou então estou doida. Pra que serviu tanta aula de técnica, e ciências políticas e história da comunicação e etc. Se isso não serviria para nada o MEC não deveria ter permitido tais aulas. Tínhamos que ir todos a faculdade delirar e escrevemos em cadernos broxurões.

E olha o outro: “o curso de jornalismo, portanto, não garante eliminação das distorções e dos danos recorrentes do mau exercício da profissão, que são atribuídos a deficiências de caráter, de retidão e ética”, afirmou Cezar Peluso. Qualquer profissão há distorções e isso é muito claro, por exemplo, os ministros do STF acabaram de cometer uma. Ética, quem pode apontar ética no Brasil ou questionar a ética jornalística, se escrevemos de acordo com a lógica do dono do jornal, ou do governador, ou de quem mais sei lá quem. Caráter realmente não se forma na escola. E muito menos, aprende-se mais a ter caráter na escola de Direito, não é ministros?

Sinceramente estou perplexa com tanta poética. Em qualquer área, maus profissionais sempre hão de existir. Acredito que o curso superior para qualquer profissão agrega diversas vantagens e conhecimento. Quem sai ganhando com um jornalista de formação, ou qualquer profissional qualificado e bem treinado é a sociedade. Casos isolados existem. Há também milhares de profissionais que só tem o diploma e mais nada. Mas não podemos tomar a exceção como regra.

Precisamos nesse momento de sairmos da inércia e lutar contra tamanha ditadura. É preciso que se tome consciência dessa tamanha regressão. Que deixemos de ser o “Ser em Si” e passemos para o “Ser Para Si”, como aprendi com Sartre (em uma das minhas aulas de filosofia, que talvez seria melhor se eu não as tivesse tido, pois agora vão ter que engolir tudo), um ser com uma consciência do todo, criando um sentido, sem essência definida, mas em busca de algo maior. Que o que eu fui, seja refletido no que sou, e que isso possa mudar e mudar rápido. Chega de estagnação, de aceitar tal definição. É preciso que isso mude. Precisamos ser respeitados.

Esta é a segunda decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal na área de comunicação. Em abril, os ministros revogaram a Lei de Imprensa, editada durante a ditadura militar. Acho que o problema mesmo, somos nós. Estamos incomodando, a pedra no sapato.

Essa quarta-feira, 17 de junho de 2009, foi o maior retrocesso que já aconteceu para o jornalismo. Será com certeza uma das muitas e tristes datas histórica. É triste saber que ao invés de ganhar, perdi quatro anos da minha vida. Francamente...

Sheila Moreno, ou Cristina ou Maria, tanto faz mesmo agora.
Jornalista com diploma

terça-feira, 16 de junho de 2009

E já não importa mais...

O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta... o amor jamais acaba... 1Co.13:7-8

Dessa vez não foi como sempre. Pediu que eu o encontrasse. Desliguei o telefone, corri para o ponto e entrei no ônibus. Desci, subi o morro correndo. Meu corpo estava quente. Meu coração batia tão acelerado que eu não ouvia o trânsito. Minha ofegante respiração não permitia que eu sentisse a gélida brisa de início de noite. E a noite prometia ser fria. E como.

De longe o avistei, parado, na praça, encostado no carro. Logo pensei em muitas coisas, um pensamento desconexo, ensandecido, irregular. Desencostou do carro e me olhou por três segundos. Abaixou o olhar e eu tremia. E a um metro parei, imóvel como boneca de cera. Fiquei olhando. Senti seu coração acelerar. Já não havia mais nada na praça. A fonte parou, os carros pararam, as vozes se emudeceram. Eram só nós dois.

Resignado, ele já não era o mesmo do telefone. Pela primeira vez, eu não disse nada. Na minha mente, mil perguntas. Na minha boca, nenhuma. Ele me fitou rapidamente, mais uma vez. Seus olhos clamavam pelas minhas frequentes perguntas. E eu, nada. Meus lábios tremiam, controlando o choro. E eu muda, apenas o olhava... e como amava...

Foram minutos, mas pareceram horas... Ele me olhava e desviava o olhar. Eu, imóvel o fitava, sem piscar. Na minha cabeça toda uma cena construída, que poderia permanecer ou ruir, bastava sua palavra, que não vinha. De repente a noite ficou mais fria, nosso diálogo mudo era a inspiração da linda noite de outono, parados na praça tão inspiradora para os amantes.

De repente notei que ele tremia. Continuei olhando. Muda, imóvel. Senti nele uma relutância. Um medo. Uma tristeza. Uma decepção. Um misto de sentimentos. Nessa hora, notei nos seus olhos um princípio de lágrima, que ele insistia em não deixar cair. Nesse momento, não controlei e as minhas lágrimas escorreram. Senti um calafrio, senti que o tinha perdido. Mas ele continuou lá, calado, tremendo mais. Boca seca, olhos marejados.

Fui invadida por uma ternura, por um amor tão imenso, por uma humanidade, que jamais pensei possuir. Ao mesmo tempo sentia raiva, medo, rancor, ódio. Pedi a Deus em pensamento. Ele continuou parado, mudo, mas nesse momento uma lágrima saiu do seu controle. Então perdoei, sem antes mesmo saber. Com uma coragem que me saiu das entranhas, caminhei em sua direção. Estendi a minha mão trêmula. Era o que dava para fazer. Ele, tão trêmulo quanto eu, pegou com força minha mão. Sequei sua única lágrima, que era naquele momento a única testemunha do seu amor. As minhas, o frio já as havia secado. Ele beijou minha mão.

Começamos a caminhar pela praça. Continuamos calados. Ele apertava minha mão tão forte, com tanta expressão que doía. Eu sentia seu calor e pela mão, nos aquecíamos. E naquele momento tudo perdeu o sentido, só nós dois juntos era tudo.

E nada mais importava. E já não importa mais...

terça-feira, 9 de junho de 2009

Já se vão os dias... o que será???

Desconstruo minha alma; não há como saber. Onde estão as respostas, que existem em você??? Reação em Cadeia

Nossa... já faz seis meses que não escrevo nada aqui. Credo, como o tempo passa rápido, ontem comemorávamos o ano novo, hoje, já estamos na metade do ano.

Isso me faz, de repente, ficar mais assustada. Não dá pra fugir mais, tento mudar o rumo desse meu humilde blog, mas sempre cai na mesma: as relações humanas. Mas se é assim, que então seja.

Hoje ao fazer um exame, tive uma notícia, que não é bem assustadora, mas que me balançou um pouco. Fiquei chorosa o dia todo. Sabe aquele dia que você só quer um colo? Pois é. Agora mesmo, meus olhos marejam e me pego a pensar na vida. Será que a tenho conduzido de forma certa? Sinto-me tão amedrontada nesses dias. É que amor é bom, mas às vezes assusta.

Uma coisa é certa. Seríamos mais felizes e realizados se pudéssemos externalizar nossos sentimentos, assim, ficarmos de língua solta e coração aberto, com a mesma atitude que temos quando tomamos um gole de bebida a mais. Está certo que alguns exageram na cena, mas seria mais simples.

Porque não posso gritar no megafone que amo a Ele? Tatuar seu nome em mim, ou pichar nossos nomes no muro? Criar um álbum especial no Orkut só pra dedicar aos nossos beijos, aos nossos abraços que são tão bons, e etc, etc... Poder mostrar ao mundo que amamos, que somos felizes. É como se ao mostrar nossa felicidade afrontássemos alguém. Ser feliz não é proibido, é uma obrigação dada a nós e ponto.

Hoje estou me sentindo mais velha, parece que meus 26 anos pesam mais que 50. É engraçado, sempre fui a mais madura da turma, a que envelheceu antes de todas. De repente me sinto uma menina, assombrada, frágil, temerosa, como a vida nunca me fez sentir. Depender de alguém nunca esteve nos meus planos. E hoje, é como se apesar dos 50 anos que pesam sobre as minhas costas, o meu coração tivesse apenas 15. Estou com tanto medo, tão chateada, me sentindo tão incapaz. Pior é que não consigo nem mesmo saber o que estou sentindo, o que se passa na minha cabeça. Queria poder, de repente, assumir a idade que tenho, como sempre foi. Amar sem medo, desejar sem perceber, agir de todas as formas.

A única coisa que sei nesse momento é que amo, que estou com medo, que estou frágil e envergonha de assumir tal posição. Mas acho que o primeiro passo para mudança é assumir o que se sente e o que se quer. Agora, enquanto ouço meu pai discutindo, mais uma vez, por algo tão pequeno, tão mesquinho, tenho a certeza daquilo que não quero pra mim e nem quero ser.

Sei também que não quero que este ano passe em branco. Quero que meu amor cresça, amadureça, se assuma. Que os meus medos se dissipem. Que a minha fragilidade possa ser suprida e que meus dias sejam lindos e ternos, não sem problemas, sem desafios, mas com amor, companheirismo, cumplicidade.

Escrevo aqui e conto a você. Não quero que meus dias sejam como a letra do “Reação em Cadeia”: “Você tinha um segredo, e não quis me dizer. E o que guardo aqui dentro, são lembranças de você...”

Não quero esconder nada e muito menos viver apenas do passado. Que o que se foi fique, carinhosamente, guardado em uma gaveta de lembranças, bem no fundo do meu coração. Que não perca a sua importância, mas que também, não tenha mais importância do que mereça.

Desejo que meu ano seja incomparável e o seu também!