segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Off

Obsoleta

Estou assim, em Off. Em Off mesmo. Desligada. Antes estava em Stand-by, assim, a espera. Em alguma hora esperava ser ligada, ou desligada. Preferiram desligar.

Agora estou assim, em Off. Não funciona nada. Não vivo, não falo, nem sinto. Você também não vai me ouvir. Pode até me ver. Mas assim, parada, sem funcionar.

Estou desligada. Pena que não posso me desligar do mundo. Ele insiste em me rodear. Mesmo assim, não funciono mais. Estou aqui. Vou ficar em um canto, empoeirada, esquecida, até que alguém não lembre mais a função que um dia tive. Se é que tive alguma.

Pronto. Agora estou em Off. Desligada mesmo. Não funciono, não falo, não respiro. Bom é que também não sinto, não ouço, não choro, não vejo e nem sofro! Incólume.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Não precisa ser assim todo dia, tudo igual

Aceitação. Uma palavra com bom significado, mas que pode representar o início de grandes problemas psicológicos ao complexo ser humano. Apesar das diferenças, defeitos, qualidades, todos buscamos aceitação, mesmo que sem perceber, e essa constante busca pode provocar um grande defeito: tornarmos resignados.

O relacionamento tá uma droga, você já não aguenta o seu chefe, mas resigna-se, acomoda-se a situação por talvez, medo, medo de mudar, de não ser aceito, de ter que enfrentar todo o processo novamente, esse desgastante processo da conquista, do aprendizado, do conhecimento aos poucos, de exercitar a paciência, de ser tolerante e principalmente de aceitar os defeitos alheios. Como é difícil aceitá-los, mas como é bom, quando se aceitam os nossos.

De novo a intolerância. É muito comum colocarmos sobre as pessoas pesadas cargas: expectativa de felicidade ou de satisfação. E quando essa expectativa não é suprida, rapidamente nos decepcionamos, e de uma forma tão tão válida, tão justificada, que ficamos abonados em nossa amargura.

Porém, é preciso aprender conviver com as frustrações, deixar que elas não dure, e prosseguir com os planos, com os sonhos, verdadeiramente, sacudir a poeira e seguir. Ficar parado se lamentando não conserta o que foi feito errado, não sara o que se feriu. É preciso ir em frente, é preciso continuar.

Pierrot, mesmo com lágrimas nos olhos não deixou de amar Colombina quando essa partiu com Alerquim. O primeiro alegrava as pessoas em seus corações, o segundo alegrava em suas mentes. Cada qual com sua particularidade. Porém as voltas que o mundo dá, entregou Colombina de volta aos seu amado. Pierrot só precisou esperar. Ele não parou de viver, não parou de trabalhar e nem mesmo parou de amar e nem ficou se lamentando. Foi de novo, a vitória do coração sobre a razão. A dialética é necessária, porém o coração sempre nos mostra o melhor caminho.

Peça um amigo para te fazer perguntas simples, tais como: um ícone, um sonho, um presente e uma pessoa inesquecível, um momento, um objetivo. Responda e depois pense sobres elas. As respostas são surpreendentes e maioria tem haver com a aceitação, com conformismo.

Sou melhor do que acho. Meu coração é capaz de amar muito mais do que ama hoje, posso ser mais compreensiva que sou. Essas afirmações tem que serem feitas todos os dias. É preciso se aceitar, buscar caminhos para acalmar o coração. Será que o que mais viveu de intenso, o amor que você acha que foi o maior, a dor que mais doeu, foi sentido na verdadeira proporção que aconteceu? Será que esse amor não estava ligado a aceitação. Esse amor já te conhecia, entendia, já havia acostumado com seus defeitos, a intimidade já era muita. Isso é cômodo demais. Recomeçar sempre dá trabalho, mas pode ser muito compensador. O ano tem variadas estações, cada uma com seus problemas, com a sua beleza.

Hoje refleti sobre isso. Vi que preciso me aceitar e aceitar mais os outros. Ninguém é obrigado a superar minhas expectativas, não é justo com o outo. Preciso também mudar atitudes, minhas e para com os outros. Mas preciso principalmente aceitar que as coisas mudam, que não existe perfeição, e que a convivência e o amor ao outro está ligado a mudança, a complemento, a companheirismo, não a anulação. Para abrir mão de algo, você não precisa se anular por isso. A diária convivência harmoniosa, pressupõe que os dois lados cedam, se for só de um lado, não há bom relacionamento.
Se eu puder fazer por você o que ninguém nunca fez, que eu faça e fique bem, mas se não puder, se eu fazer o que dá para ser feito, já valeu. Simples assim.

É preciso relaxar e deixar a vida seguir. O que não quer dizer que você precise perder as rédeas da sua vida. Dá pra relaxar, esperar mais e, se cobrar menos. Todo dia uma alegria, uma tristeza, uma nova expectativa e um novo aprendizado. Chorar, rir, sofrer, amar, isso pode ser uma surpresa todo dia. Hoje tem nuvens, amanhã o dia clareia. Não precisa ser assim todo dia, tudo igual.


PS: Valeu Warley, dessa vez você não me arrancou lágrimas, muito melhor que isso, arrancou menos expectativas e mais compreensão.