quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Quando Ela chega

Quando Ela chega, não há nada o que fazer.
Destronando toda nossa soberania, sem medo, rancor, êxito ou qualquer remorso, ela nos toma o que há de mais precioso.

Agora, parada diante dela, pego a pensar com lágrimas nos olhos, em tudo que se fez e principalmente, em tudo o que não fizemos.

Quantos sorrisos não dados, afagos não roubados, ligações não completadas, visitas prometidas. Quanto correria, naufrago no embrulhar da vida. Assim os dias passam, nossa infância ficou lá trás, bem distante, tão longe que já não há resquícios da nossa tão doce, simples e suave felicidade. Saudades da meninice, das brincadeiras, das velhas amizades, do meu velho tempo a tarde.

São planos, metas, desejos, sonhos. Muitos apenas são, e nunca hão de se concretizar. Eles nos consomem em uma briga louca, frenética em busca de algo que muitas vezes nem sabemos o que é. Mas vamos e, lutamos e, corremos agitados de um lado para o outro, sem parar, sem amar, sem brincar, sem relaxar.

Diante Dela paro, chocada, arrependida, receosa, amedrontada. Com tanto medo. Medo de não ir adiante, de correr atrás de algo que não vale nada, de nem sequer saber pra onde ir.

Ela me olha, com olhar escancarado, frio, imóvel, imutável. Não se mexe, não se agita e espera a sua hora. Faz tudo calculado, objetivado, tudo tão certinho. Um certinho a mim, tão amargo.

Sentada aqui, de frente ao PC me recordo dos meus tempos de menina, de garota legal. Como fiquei amarga, chata, adulta, desconfiada, premeditada.

Quero ser de novo leve. Poder aproveitar melhor as amizades, a boa companhia, ler meus livros prediletos, beijar mais meu namorado, ter mais tempo pra minha família.

Quero voltar a ser criança. Não na regressão da vida, mas na leveza do viver. Quero rir de novo como ela, dançar de frente ao espelho ou na janela. Não me importar com muito pouco, ou quase nada. Fecho os olhos e ouço o som da gargalhada, as palmas estampidas, os tapas espalmados, lembro do Feio, do Léo, do Andinho. Do nossos momentos.

Com a vida, bem acho que não aprendi ainda nada. Mas frente Ela, vejo que preciso aprender, aprender muito, muito mesmo com Ela, com a morte, para melhor viver a vida.


“Homenagem a minha grande e eterna amiga Gisele, ou Gisa, como era chamada. Uma amiga de tantos anos, de tantos gritos, de tantos trucos e tantas gargalhadas. Que por eu não saber viver a vida, convivi nos últimos anos sem a sua constante alegria. Não tive coragem de a ver deitada. Foi sim, pura covardia. Mas de uma pessoa como ela, quero guardar somente a alegria.

Que o Senhor conforte os que ficaram. Te amo Gisa, pra sempre...”
26 de novembro de 2009.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Guerra as putinhas

Hoje estou mortal, se morder meus lábios, me enveneno. Melhor escrever, fere menos.


Hoje precisei correr ao psiquiatra. Surtei mesmo. Tremia tanto que não me aguentava de pé.

O doutor, um tanto quanto assustado, com aquela cara ímpar dos psiquiatras, mais loucos que os pacientes, me indagou: O que aconteceu meu filha? Com a voz embargada pelo ódio e com sangue nos olhos respondi: Doutor estou com horror a puta.

Ele assustado, sem entender, questionou: Como assim, não entendi?
Ódio doutor, do tipo com vontade de matar todas. Por isso vim até aqui, pro doutor me internar, se não mato todas e mato ainda todos os sacanas que se deitam com elas.

Ele arregalou os olhos e me perguntou: O que te fizeram elas? A mim, diretamente nada, se eu bem sei. Não estou com raiva das putas oficiais não doutor, daquelas que são profissionais e ganham a vida assim não. Essas, pra falar a verdade, eu até as admiro, sabem bem levar a vida. Odeio são as putas de instinto. As putas com cara de anjinho, de boquinhas de porcelana. Arrrrrrrhhhh, como eu as odeio doutor. Ficam lá, fazendo pose de santinhas, cara do tipo que vão coroar Nossa Senhora, mas não valem nada, nadinha mesmo.

O doutor: Minha filha, não seja radical.
Não seja radical doutor. Entra no Orkut pro senhor ver. Lá é um verdadeiro bordel, tem putinhas de todas as idades e estilos, pra todos os ‘babãos’ se esbaldarem. Os nomes são tipo assim: “angels”, “princess”, “lindukas”, “manhosa”, “gatinhas”, “rebolation” e assim por diante. O perfil parece versos de Nelson Rodrigues. Um bando de depravadinhas, sem vergonha, iludindo a cabeça dos babacas.

É cada uma pior que a outra. Assim como na página de classificados, o Orkut, o MSN, o facebook viraram classificados de vadiazinhas, menininhas de boa família que se vendem na net. Vontade de matar todas. Zeca Pagodinho já dizia: “Fingindo inocente, toda saliente, vem me olhando diferente, chego a estremecer”... e assim por diante. Saco! To com muito ódio dessa nova raça de puta. Morte a todas elas: Declarei. Vou criar uma campanha e vou chamar as putas de verdade. “Morte as putinhas”, quero ver todas liquidadas. Elas, os homens que se encantam por elas e as redes que as compõem.

Saudade sabe doutor, da época que a conquista era coisa boa. Que o primeiro beijo era de levantar o pé e o beijinho no pescoço era sem intenção. Essas vacas estão matando isso tudo. E sinceramente, a gente que já vai encaminhando pra casa dos 30n estamos perdidas, sem saber como agir. Os homens acham que nunca envelhecem, e continuam indo atrás de qualquer rabinho de saia, das velhas novas ninfetas. E aquela velha história; "Desde que uma mulher tenha brilho nos olhos, nenhum homem irá reparar se ela tem rugas em volta deles" não fazem mais sucesso nem em livros. Velhas baboseiras...

Olhei para o doutor, com a minha vista ainda, um tanto quanto embaraçada. Notei uma expressão de vergonha na face corada, tesa, e já cheias de pelos brancos. O que foi doutor? Perguntei. Minha filha. Ele entrelaçou os braços em volta do meu ombro e me encaminhou até o divã.

Percebo sua angustia, sua aflição e até mesmo sua raiva. Enquanto você falava, passava pela minha cabeça diversas cenas. Lembranças de quando conquistei minha esposa, e olha que já sou casado há 30 anos, lembrei do sorvete, das flores, da mão de leve no joelho e do beijo no ombro. Lembrei também, e te confesso, até um pouco sem graça e envergonhado, das muitas putinhas que dei bola e comi. Na escola das minhas filhas, na sala da minha casa, até mesmo aqui nesse consultório. Penso agora, que era muito melhor quando as putas ficavam somente nos cabarés e bordéis. Elas não ameaçavam casamentos e nem relacionamentos. Não ameaçavam nossa conta bancária, nem nossa estrutura psicológica. Mas acho que já estamos todos contaminados, a salvação está em nossa atitude, e só.

Ele chamou a enfermeira, me deu um calmante e disse: descanse um pouco, vai te fazer bem, a cabeça de uma mulher de quase 30 maquina coisas que ninguém é capaz de decifrar e entender. Quando você acordar, se sentirá melhor. O mundo ainda será o mesmo, mas você já agirá diferente.

Enquanto ele falava, sua voz me embalava e o sono chegava. Mas pude ainda ouvir ele mandando a sua secretária enviar flores a sua esposa e bombons as suas filhas, e ainda pude ouvir de longe, quase já em sonho sua declaração pesarosa, feliz, arrependida, ainda apaixonado e muito maduro: “Amor, o tempo passou, você hoje tem rugas que não tinha, manias que se despertaram, defeitos que não mudaram. Mas o meu amor por você tem aumentado a cada dia, a cada atenção, a cada cuidado...

Acordei mais de uma hora depois. Ainda sonolenta, olhei para ele e vi um leve sorriso em seus lábios: Tchau, ele disse. Volte depois e muito obrigado.

Dei um sorriso de leve, quase choroso e vim escrever e compartilhar com vocês este post. Ainda estou tonta por causa do “sossega leão”. A vontade insana de matar aplacou. Mas cá pra nós. Tenho razão, não é mesmo?
Até mais.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Quando as cortinas não se abrem


Acabei de acender um cigarro.
Enquanto dou uma tragada sôfrega, volto os olhos para a brasa que queima, aos poucos e lentamente o papel branco, o fumo e todas as coisas que lá estão. Consumo-o aos poucos, enquanto de gole em gole, sugo a vodka pura que está em meu copo, quente, forte e ardente, assim como está o meu peito hoje.

Jogada no sofá, com o braço estendido na almofada e cabeça curvada sobre o encosto, consigo ver ainda, a chama das velas a queimarem sobre a mesa. Peças do jantar que não se encenou. Encho de novo o copo, quase sem forças, e dou mais tragada em meu cigarro, com aquele gosto de pavor misturado ao mentolado daquela desgraça. O cigarro, a minha vida e o porre que está se iniciando.

Olho de novo para a mesa. Os dois lugares, as velas, os pratos, as taças e o vazio. Foda-se! Penso. Mas era justamente isso que era para ser. Uma fodeção total, regada a vinho, beijos e ao molho madeira com palmito e champinhom que ainda cobre a carne na travessa.

Tento olhar indiferente para o cenário montado atras de mim. A garganta é apertada por um nó. Um nós seco, misturado a fumaça, a vodka, ao choro que não quer sair. As velas queimam, e também queima a minha garganta com mais um gole, e ai!, queima meu dedo com o cigarro. Filho da puta! O filtro cai, sem coragem de levantar, apenas piso para apagá-lo. Coisa horrorosa de se ver. Mas hoje é assim, estou completamente fora dos padrões.

Foda-se tudo! As velas, o vinho, o molho madeira e até o palmito. Enquanto isso, tomo mais trago da vodka. Terceiro copo. A cabeça roda, e roda com ela as imagens, o espetáculo que não aconteceu, os beijos que não vieram, seu rosto refletido na vodka. O corpo fica pesado, a cabeça se despende mais para o lado. Quase já não enxergo o cenário, nem mesmo a luz das velas, nem a cor vermelha das pétalas espalhadas pelo chão.

Ouço a sua voz. Pissiu, silêncio! Ouço, ouço mesmo, assim, baixinho. Ouço também meu coração, chorando, acelerado. Respiro fundo e grito pra você: fala mais alto! Nada! O último gole do copo, despejo o resto do meu corpo no sofá e nada... fala de novo, só mais uma vez, por favor, suplico e nada. Me agito. Apenas um estrondo, a garrafa cai e se quebra. Pronto, quebrou tudo, a anestesia, o sonho, quebrou a esperança de te ver encenando mais uma vez comigo aquela dança. Sem força, os olhos se fecham. Amanhã é aguentar a dor, principalmente, a de cabeça.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

"Rodrigar"

Não há pessoa que eu admire mais, que eu ame mais ou seje mais apaixonada intelectualmente. Amigo como ele é impar. Pena que ta lá na "terrinha", tão longe. Volte logo Sat.


Chatice! Deixa eu "rodrigar". o que era pra ser não foi. Culpa da culpa. Falta da falta. Perdem-se lágrimas, atiram-se chaves. Batem-se portas e calam-se. Mundo do silêncio, da angústia, de tantas coisas separadas por paredes e perfis na Internet. Faz-se pão e iogurtes. Abrem-se livros e teses. Não há nada. Servimos bacalhau com manjercão e copos de vinho. Bebemos na cara do inimigo. Peidamos. o Galo ganha. Mas é domingo. Podia ser praia, mas é blog. Podia ser cerveja, mas é água. Podia ser droga, mas é chocolote. Podia ser paz, mas é insatisfação. Costura-se para fora. Vende-se comida e sexo para fora. Não há delivery, não há números invertidos nem cuspe. Não há. Há o que? Há aulas, há trabalho, há espera, há o há. Mas podia nem existir. Ainda bem que há. Mas é leve, levedado, crescido pela força, pela química, pelo bolor. Podia ser 980 euros, mais ainda não é. Podia ser em novembro, mas talvez seja em dezembro. Podia acabar, mas tem que continuar. Podia te fuder, mas não há ereção, não há porra, não há. Mas há vida. Há sim.

Rodrigo Saturnino, para seu blog: http://nossoopiodecadadia.blogspot.com

Aquele que dá vida, também mata

O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera. Não se exaspera, não se ensoberbece, não sente ressente do mal... 1Co.


Quem disse que amor não mata? Mata sim. Mata mais que arma de fogo, ou arma branca.
Amor mata as certezas, os sonhos, os planos. Mata o cachorrinho, o gato, o passarinho e até os filinhos. Mata as baratas do seu ralo, as traças do seu armário, os cupins dos seus móveis, mesmo antes de você os tê-los.

O amor mata desejos, sabores, chatice, ciúme, rotina. Mata tudo.
Entra macio, silencioso, surdo, afiado como um punhal. Entra fundo, rente, pressionado, e ninguém nota, a princípio. Um filete de sangue escorre, lento, contínuo. Um grito abafado, um gemido escuro, uma secura na boca e uma nuvem nos olhos faz o prenuncio: eis a morte.

Morre tudo. Não há mais futuro. Não há brigas, também não há carinho, nem champanhe, nem charuto, nem cerveja na nossa geladeira, nem sticks no forno, frango na panela, nem o jogo do domingo. Não há mais ronco, nem baforada no pescoço, nem joelhada na noite, nem conchinha. Não há grito, nem beijo de boa noite, nem voz mansa, nem grito de burra.

Mata tudo. O mesmo amor que cria, mata. Mata, porque não há como amar sozinho, nem aos poucos, nem pela metade, nem só uma partinha. Vai se embora as noites, os dias, os domingos de feirinha, o sol que entra pela janela sem cortina. Acaba a enrolação na cama, o sorriso de bom dia! O amor que te fez pular, dançar sem música, rir a toa ou chorar de alegria, te põe agora mesmo, em uma lápide fria, sozinha, cheirando a mofo e naftalina.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A Voz Do Silêncio

"Não adoto a prática de cópias no meu blog. Mas esse texto da Martha merece mesmo está aqui hoje. Tudo o que eu mais quero é uma voz..."

A Voz Do Silêncio

Pior do que a voz que cala,
é um silêncio que fala.

Simples, rápido! E quanta força!

Imediatamente me veio à cabeça situações
em que o silêncio me disse verdades terríveis,
pois você sabe, o silêncio não é dado a amenidades.
Um telefone mudo. Um e-mail que não chega.
Um encontro onde nenhum dos dois abre a boca.

Silêncios que falam sobre desinteresse,
esquecimento, recusas.

Quantas coisas são ditas na quietude,
depois de uma discussão.
O perdão não vem, nem um beijo,
nem uma gargalhada
para acabar com o clima de tensão.

Só ele permanece imutável,
o silêncio, a ante-sala do fim.

É mil vezes preferível uma voz que diga coisas
que a gente não quer ouvir,
pois ao menos as palavras que são ditas
indicam uma tentativa de entendimento.

Cordas vocais em funcionamento
articulam argumentos,
expõem suas queixas, jogam limpo.
Já o silêncio arquiteta planos
que não são compartilhados.
Quando nada é dito, nada fica combinado.

Quantas vezes, numa discussão histérica,
ouvimos um dos dois gritar:
"Diz alguma coisa, mas não fica
aí parado me olhando!"

É o silêncio de um, mandando más notícias
para o desespero do outro.

É claro que há muitas situações
em que o silêncio é bem-vindo.
Para um cara que trabalha
com uma britadeira na rua,
o silêncio é um bálsamo.
Para a professora de uma creche,
o silêncio é um presente.
Para os seguranças de um show de rock,
o silêncio é um sonho.

Mesmo no amor,
quando a relação é sólida e madura,
o silêncio a dois não incomoda,
pois é o silêncio da paz.

O único silêncio que perturba,
é aquele que fala.

E fala alto.

É quando ninguém bate à nossa porta,
não há emails na caixa de entrada
não há recados na secretária eletrônica
e mesmo assim, você entende a mensagem

Martha Medeiros

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Doação

Doar: Ceder gratuitamente a outrem...


Ser doador em vida chega a ser engraçado.
Você dá uma parte de você para uma outra pessoa viver um pouco melhor.
Ela vive, e você que doou vive também.
As vidas se misturam. Um pedaço de você tá lá, outro tá com você ainda, ou nem tanto.

Aí eu pergunto: quem vive com uma parte sua, torna-se você também?
Acho que sim. Doei uma parte de mim. Uma parte vital. Vivia muito bem sem ela.
Ele, que recebeu, também vivia bem com ela, pelo ao menos, achava eu.Mas de repente começou a tão temida rejeição, pânico de todo transplantado.
Os medicamentos já não são suficientes. Os médicos avisaram que quando a rejeição é muita, é preciso de um novo transplante.

Mas quando a rejeição começou nele, a parte em mim onde o que foi doado foi retirado, começou a sangrar. Assim, sem mais nem menos. E não quer mais parar.
Para piorar, a parte que doei e foi rejeitada por ele, já não pode ser devolvida a mim.
Ele então a retirou, por causa da sua rejeição. Como meu corpo já não a recebe de volta, estou sem saber o que fazer.

A certeza é que ele encontrará outra doadora, assim, com certa facilidade. A minha dúvida é: e eu? A minha parte entreguei a ele, e ela já não encaixa de volta. Bem, uma parte do corpo, fora dele, não tem serventia. Então com certeza, ele a vai jogar no lixo, assim, meio sem jeito, mas vai pro descarte.

Só que agora, o lugar não para de sangrar mesmo. Não há também nada que possa encaixar no lugar. É preciso parar de sangrar. Mas o médico já me desenganou: “Sua parte doada vivia porque ele a alimentava, agora, que já não é mais alimentada, ela vai morrer”.

A certeza que tenho agora é que ela vai morrer, mas eu ainda não, a parte de onde ela foi retirada vai coagular, uma hora vai ter que parar de sangrar. Mas já fui alertada. Vou virar zumbi, porque o que tinha de mais essencial em mim, foi o que doei e mesmo cicatrizado, acabou, vai ficar vazio. Já não dá pra viver e nem mesmo morrer eu vou conseguir.

Mas fica aqui a dica: apesar de tudo, a doação é necessária. Se pudesse voltar atrás, doava de novo. Se hoje, meu coração nele foi rejeitado, valeu pelo tempo em que bateu em seu peito, forte e com vigor. Então hoje, ao ver meu peito sangrar e meus olhos se anuviarem, fecho os olhos e sinto seu peito encostado ao meu, e a lembrança das batidas me acalmam e faz com que eu consiga viver mais um dia, assim, sem graça, sorumbático, mas... viver ainda é necessário.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Off

Obsoleta

Estou assim, em Off. Em Off mesmo. Desligada. Antes estava em Stand-by, assim, a espera. Em alguma hora esperava ser ligada, ou desligada. Preferiram desligar.

Agora estou assim, em Off. Não funciona nada. Não vivo, não falo, nem sinto. Você também não vai me ouvir. Pode até me ver. Mas assim, parada, sem funcionar.

Estou desligada. Pena que não posso me desligar do mundo. Ele insiste em me rodear. Mesmo assim, não funciono mais. Estou aqui. Vou ficar em um canto, empoeirada, esquecida, até que alguém não lembre mais a função que um dia tive. Se é que tive alguma.

Pronto. Agora estou em Off. Desligada mesmo. Não funciono, não falo, não respiro. Bom é que também não sinto, não ouço, não choro, não vejo e nem sofro! Incólume.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Não precisa ser assim todo dia, tudo igual

Aceitação. Uma palavra com bom significado, mas que pode representar o início de grandes problemas psicológicos ao complexo ser humano. Apesar das diferenças, defeitos, qualidades, todos buscamos aceitação, mesmo que sem perceber, e essa constante busca pode provocar um grande defeito: tornarmos resignados.

O relacionamento tá uma droga, você já não aguenta o seu chefe, mas resigna-se, acomoda-se a situação por talvez, medo, medo de mudar, de não ser aceito, de ter que enfrentar todo o processo novamente, esse desgastante processo da conquista, do aprendizado, do conhecimento aos poucos, de exercitar a paciência, de ser tolerante e principalmente de aceitar os defeitos alheios. Como é difícil aceitá-los, mas como é bom, quando se aceitam os nossos.

De novo a intolerância. É muito comum colocarmos sobre as pessoas pesadas cargas: expectativa de felicidade ou de satisfação. E quando essa expectativa não é suprida, rapidamente nos decepcionamos, e de uma forma tão tão válida, tão justificada, que ficamos abonados em nossa amargura.

Porém, é preciso aprender conviver com as frustrações, deixar que elas não dure, e prosseguir com os planos, com os sonhos, verdadeiramente, sacudir a poeira e seguir. Ficar parado se lamentando não conserta o que foi feito errado, não sara o que se feriu. É preciso ir em frente, é preciso continuar.

Pierrot, mesmo com lágrimas nos olhos não deixou de amar Colombina quando essa partiu com Alerquim. O primeiro alegrava as pessoas em seus corações, o segundo alegrava em suas mentes. Cada qual com sua particularidade. Porém as voltas que o mundo dá, entregou Colombina de volta aos seu amado. Pierrot só precisou esperar. Ele não parou de viver, não parou de trabalhar e nem mesmo parou de amar e nem ficou se lamentando. Foi de novo, a vitória do coração sobre a razão. A dialética é necessária, porém o coração sempre nos mostra o melhor caminho.

Peça um amigo para te fazer perguntas simples, tais como: um ícone, um sonho, um presente e uma pessoa inesquecível, um momento, um objetivo. Responda e depois pense sobres elas. As respostas são surpreendentes e maioria tem haver com a aceitação, com conformismo.

Sou melhor do que acho. Meu coração é capaz de amar muito mais do que ama hoje, posso ser mais compreensiva que sou. Essas afirmações tem que serem feitas todos os dias. É preciso se aceitar, buscar caminhos para acalmar o coração. Será que o que mais viveu de intenso, o amor que você acha que foi o maior, a dor que mais doeu, foi sentido na verdadeira proporção que aconteceu? Será que esse amor não estava ligado a aceitação. Esse amor já te conhecia, entendia, já havia acostumado com seus defeitos, a intimidade já era muita. Isso é cômodo demais. Recomeçar sempre dá trabalho, mas pode ser muito compensador. O ano tem variadas estações, cada uma com seus problemas, com a sua beleza.

Hoje refleti sobre isso. Vi que preciso me aceitar e aceitar mais os outros. Ninguém é obrigado a superar minhas expectativas, não é justo com o outo. Preciso também mudar atitudes, minhas e para com os outros. Mas preciso principalmente aceitar que as coisas mudam, que não existe perfeição, e que a convivência e o amor ao outro está ligado a mudança, a complemento, a companheirismo, não a anulação. Para abrir mão de algo, você não precisa se anular por isso. A diária convivência harmoniosa, pressupõe que os dois lados cedam, se for só de um lado, não há bom relacionamento.
Se eu puder fazer por você o que ninguém nunca fez, que eu faça e fique bem, mas se não puder, se eu fazer o que dá para ser feito, já valeu. Simples assim.

É preciso relaxar e deixar a vida seguir. O que não quer dizer que você precise perder as rédeas da sua vida. Dá pra relaxar, esperar mais e, se cobrar menos. Todo dia uma alegria, uma tristeza, uma nova expectativa e um novo aprendizado. Chorar, rir, sofrer, amar, isso pode ser uma surpresa todo dia. Hoje tem nuvens, amanhã o dia clareia. Não precisa ser assim todo dia, tudo igual.


PS: Valeu Warley, dessa vez você não me arrancou lágrimas, muito melhor que isso, arrancou menos expectativas e mais compreensão.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

O que é a felicidade

E te amar para sempre é uma esperança que não passa...

O que é a felicidade, se não pílulas de esperança?

O problema maior é que junto com a esperança vem a danada da ansiedade que provoca angústia, medo, temor, dor, etc... etc... etc...

E nesse misto de sentimentos, bate um cansaço, um abandono, uma vontade de se esconder...

Porém perseverança, um dos maiores exemplos deixados por Jesus. Se Deus não desiste jamais de mim, eu também não desisto da vida e nem do que ela pode me oferecer.

E por hoje vou tomar neste exato momento, a minha pílula diária. E encerro esse post. Viva a esperança...

quinta-feira, 9 de julho de 2009

O Sol vai nascer, eu sei que vai

Ainda está frio, as nuvens ainda estão lá, mas há uma luz, lutando em brilhar...


inda é cedo, muito cedo, cedo até demais. Ainda faz frio, muito frio, a neblina é muita e o orvalho ainda está sobre as folhas.

Mas olha, olha lá no céu, bem no leste, lá no fim do leste. Tá vendo? Olha com força, com fé e sem medo. É o sol, ele está querendo sair, começa a brilhar e a querer dar seus primeiro raios de calor. E como aquece... A névoa está começando, mansinha, lentamente a dissipar. Você já percebe?

Eu olho lá, serena, calma, e com muita esperança. Tenho medo que ele não consiga transpor as nuvens e as neblinas. Isso me faz arrepiar, me dá de leve, um calafrio. Mas continuo sentada, olhando com fé o sol. Meu coração começa a se aquecer, eu já o sinto meio quente, eu sinto, ele vai nascer. Juro! Ele vai nascer. Minha esperança me conta, aqui, sussurrando baixinho, no pé do meu ouvido. O sol vai nascer!

terça-feira, 7 de julho de 2009

Cansaço

Sim, estou cansado, e um pouco sorridente, de o cansaço ser só isto...


Acho que já estou cansada...
É isso que sinto, um cansaço na alma. Uma sensação de sufocamento. Não sei mais o que fazer, como agir, e olha que sempre fui boa nisso. Sempre tive respostas, sou a rainha dos bons conselhos, das saídas emergências, menos pra minha vida.

Mas nesse momento não sou nada. Não agüento mais buscar aprovação, eu não dou mais conta. Cansei de tentar ser a boazinha, de ser a conselheira, a boa filha, boa neta, excelente prima, exemplar irmã. Quero ser só eu, só eu. Com minhas dúvidas, fraquezas e incertezas, que nesse momento são muitas...

Sempre achei que precisavam de mim... horrendo engano. Eu mesma é que precisei acreditar nisso. E hoje isso está doendo.

Primeira neta por um lado, segunda por outro. Fui a mais branca, a que tinha o cabelo melhor, a mais inteligente, pelo ao menos achavam, e cresci precisando ser exemplo. Fui a melhor na escola, a que ensinava para-casa, a que aprendia melhor o jogo, fui a primeira e até agora a única a me formar em uma faculdade. O que isso representa para mim? Nada. Pra mim estou vivendo, e só. Não sou boa em jogo nenhum. Não fui a primeira da classe na faculdade, não falo inglês e entendo muito pouco de informática e até hoje não descobri em que sou boa. Nem mesmo em amar eu sou.

Mas não. Sempre vivi pelos outros. Vivi pouco, aprontei pouco, curti pouco, envelheci rápido. Tudo pra não decepcionar os meus pais, ser o maldito exemplo pro meus irmãos e primos. E não sabia eu, que os pais amam os filhos, independentemente do que fazem. Mas eu sempre fui cobrada e fiz o impossível pra não decepcionar ninguém. Se eu pudesse voltar atrás... eu viveria mais, errava mais e tirava esse peso das minhas costas.

A minha boneca era a mais bonita, meus brinquedos mais legais, e eu tinha que compartilhar. E eu adorava poder fazer, apesar de que no fim da brincadeira eu tivesse que guardar tudo sozinha... eu era a defensora das primas, das amigas e por ser tão mimada, cresci ouvindo “parece filha de rico”. Eu precisava ser aceita. É a minha família e eu não tinha culpa de ser diferente, mas me culpava. Dava meus brinquedos, emprestava minhas roupas, já apanhei sozinha e já bebi até xixi pra “ela” não ficar de mal de mim.

De repente veio a época de dificuldades. Perdi as bonecas, o lápis de cor, o giz de cera e ganhei a responsabilidade de ser a mais velha. Cuidei dos meus irmãos, e disso não arrependo, fiz com muito carinho, mas com peso sempre repetido pela minha mãe “você é a mais velha, tudo o que você fizer, seus irmãos vão repetir”, e olha que a responsabilidade veio em trio. Não escapei de casa a noite, não passei das horas na rua, não beijei no portão, não tive namorados fora do tempo, não desviei o caminho, não usei drogas, não cheirei lança perfume, não fiz manifestações, não pichei os muros e nem fiz as minhas primas passar apertado para cobrir meus namoros, pelo o contrário, era eu quem sempre dava um jeito de ajudá-las.

Hoje já vou fazer 27 anos. Não tenho um filho da adolescência, nem um ex-marido, nem um ex-namorido, nem um maço de cigarros no bolso. Mas também não tenho uma casa minha, nem meu carro, não sou uma excelente profissional e nem tenho um namorado. E por falar nisso, meus namoros duraram pouco e acabaram tudo bem. Não teve brigas, nem traumas, nem seqüelas. A minha busca pela perfeição nunca deixou que isso acontecesse. Mas também, o amor não permaneceu, nem a união e nem deixei saudade. Sinto-me uma fraude. Isso, uma fraude. Não sou boa em nada e nem sei se ainda dá tempo de ser.

Hoje eu amo, não sou amada. Estou perdida e cansada. Cansada de sempre ter que agradar alguém e nunca conseguir de verdade. Não quero tentar convencer mais a ninguém. Quero que me olhem e vejam em mim a verdade ou a possibilidade. Exaurida. É assim que me sinto hoje. Não quero nada além do que os normais querem. Não quero ser reconhecida por ninguém, nem por nada que faço. Só não quero mais ser obrigada a ter que agradar, ter que ser a perfeita. Lamento, tentei por quase três décadas. Não consegui.

Quero ter um peito pra deitar, uma mão pra me guiar. Não sou feminista. Quero alguém pra cuidar de mim, enquanto cuido dele. Quero poder fazer a minha parte, ajudar quem eu puder, trabalhar e ser ao mesmo tempo “Amélia”. Ter uma casinha, filhos, um cachorro e um companheiro. Enquanto os dias passam tranqüilos, ou turbulentos, e eu espere a real velhice chegar. Cansei da velhice precoce e da nota 10 que nunca ganhei. Sorte? Tomara. Que isso seja inexorável.

ESPERAR

E a vida segue como um rio...

Quando se ama alguém, tem-se sempre tempo para essa pessoa. E se ela não vem ter conosco, nós esperamos. O verbo esperar torna-se tão imperativo como o verbo respirar. A vida transforma-se numa estação de comboios e o vento anuncia-nos a chegada antes do alcance do olhar. O amor na espera ensina-nos a ver o futuro, a desejá-lo, a organizar tudo para que ele seja possível. É mais fácil esperar do que desistir. É mais fácil desejar do que esquecer. É mais fácil sonhar do que perder. E para quem vive a sonhar, é muito mais fácil viver...

sexta-feira, 3 de julho de 2009

?????

Hoje acordei uma incógnita.
Resquícios de mim que se perambulam pelo ar.
Não sei se choro, rio, lamento, sofro ou fico feliz.

As nuvens ainda não dissiparam.
O sol não brilha alegre, com aquela carinha feita de lápis de cor e giz de cera.
Ainda tem nuvens. Nuvens acinzentadas, carregadas, munidas de tempestade.
Mas ainda eu estou uma incógnita.

Aves voam pelo céu, e minha cabeça acompanha... assim, flutuando.
Meus pensamentos estão desconexos e conturbados.
E já nem sei mais o que queria escrever nesse post.
Então encerro aqui. Enquanto espero se dissiparem as nuvens.
Enquanto espero a chuva passar.

Enquanto isso, profetizo amor, mas muito amor, a quem passar por aqui.
É isso que invade meu peito.
Até o próximo!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

DEDUÇÃO

"Esse texto é sugestão de um amigo, o Tatu. Aceitei. Muito lindo."

Não acabarão com o amor,
nem as rugas,
nem a distância.
Está provado,
pensado,
verificado.
Aqui levanto solene
minha estrofe de mil dedos
e faço o juramento:
Amo
firme,
fiel
e verdadeiramente.

Maiakovski

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Um recado

Está fugindo da minha política de blog. Mas preciso reproduzir esse recado retirado de um orkut. Foi o recado mais lindo que já vi. Tão denso. Pena que meu coração tá congelado, se não sentira ele melhor e reproduziria um belo texto. Ah, se essa paixão contaminasse!
Enfim, eis o recado:


"...Olha, "o tempo é a minha matéria"... hoje, amanhã, semana que vem... Enfim! "Sem você não ta dando nem para atravessar a rua". So acho que precisamos conversar. Pelo menos eu preciso conversar contigo. Como? Quando? Você é senhora do tempo!!!..."

A grade

Socorro, alguém me dê um coração. Que esse já não bate, nem apanha...


Hoje mandei fazer uma grade.
Uma grade assim, mais ou menos de 15 cm, por 20 cm, bem quadradinha.
Mandei fazer a grade de aço inoxidável, para não enferrujar, com as barrinhas bem juntinhas, bem entrelaçadinhas, assim como devem ser as coisas, bem feitas, bem acabadinhas. Estão tão juntinhas que passam apenas ar e água.

Guardei na grade, meu Coração. Assim, bem guardadinho. Coloquei a grade no congelador, no fundinho, onde ninguém pode ver, tocar, apertar e guardei o congelador no fundo do porão.

Congelei meu coração. E com ele congelei as dores, as tristezas, a saudade, a amargura, o medo, a decepção e também o amor, a felicidade e a paixão. Foi preciso. Agora já não sinto nada. Meu peito tá vazio, vazio. Meu coração lá dentro, congelado. Talvez eu o tire de lá um dia... em uma nova era, quando viver for mais fácil e já não houver tanta covardia.

Mas pronto. No lugar do coração não há nada. E ele já não sente nada. Um monte de nada. E o pior que é até engraçado, mas eu não acho graça, porque ele tá congelado. Mas eu que um dia senti tanto, hoje optei por não sentir nada. Tadinho dele, já estava fraco, sinais vitais quase sumindo. Tava murcho, dolorido, todo esfolado. Então congelei mesmo. Tá duro, uma pedra de gelo. Não é feliz, mas também não é triste.

Desculpe gente! Eu não sou fria.
Tive que optar. Optei.
Ou congelava, ou ele morreria...

terça-feira, 30 de junho de 2009

Me ensina???

E já não vivo mais... apenas sobrevivo!

Eu ainda não aprendi a falar pro meu coração não sofrer.
Eu ainda não aprendi a arrancar a dor lá de dentro.
Eu ainda não aprendi a virar a página, com tamanha rapidez.
Eu ainda não aprendi a melhor forma de viver sozinha.

Onde guardo tudo agora? Acabou? É pra sempre?
Um sentimento de desespero, de tristeza é o que me invade nesse momento.
Sou obrigada a colocar tudo em uma velha caixa de papelão, amarelada pelo tempo, amarrada com barbante e escrita com canetão e guardar em uma parte escura do meu armário de recordações: saudosas...
Não quero mais viver de lembranças, de saudosismo. A minha vida tem sido um verdadeiro remember de tudo que não vivi, de tudo que não fui, dos amores que não tive, de tudo que não consegui ser...

Por favor, um pouco de realidade! Não esta realidade escarnecedora, dilacerante e cruel. Mas um realidade gostosa, olfativa, florida, como Ipê na primavera.

Hoje estou aqui, mais uma vez me debulhando em lágrimas, e pensando no quanto que não presto. Não presto pro meu pai, não prestei pra você, não presto pra ninguém. Ser boa? Pra quê? Ninguém te nota.

Hoje, rumino nossas lembranças, os momentos bons que vivi. Rumino e regurgito, para sentir na boca, mais uma vez o gostinho do tempo em que fui feliz, do tempo, que mesmo enganadamente me senti amada. E quanto engano... neblina que se dissipa e me mostra a realidade: Estou só. O gosto amargo da solidão aperta e trava a minha boca e me prova mais uma vez que não fui capaz: Nem de amar o suficiente, e nem mesmo de ser amada.

Quanta incompetência!

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Pó e Cinza


Quando o tempo reconstrói sua força ao poder de suportar seu próprio peso, levanta o ninho...

Meu sangue virou vinagre. Acordei hoje azeda. Não azeda de suja, ou algo parecido. Mas com a alma azeda. Já se vai o dia e ainda não adocei. Nem sei se vou me adoçar hoje.

É que hoje estou com ódio. Nunca senti isso, ainda mais dessa forma. O ódio dói no meu peito e eu o alimento. Hoje não quero ser boa. Quero que ela se dane. Morra!

Acordei pedindo a Deus pra tirar esse ódio do meu peito. Mas acho que Ele não está muito bem comigo ultimamente. E o ódio está aqui. Uma hora ele há de sair, nem que seja descarregado de alguma forma, e nela, é claro.

Seria bom se sentimentos bons passassem por osmose. Mas não passam. Nem se eu quisesse. Vou ter que continuar a implorar a Deus, para esse ódio passar. Mas hoje também não quero mais pedir. Dane-se!

Meu coração está apertado. Murcho. Uva passa no fundo armário. Na minha frente, um papel em branco, lápis, teclado. E nada. Hoje não sai nada. Improviso, lamento, lágrimas, mais ódio e mais amor. Eles crescem proporcionalmente.

Estive essa semana pensando em escrever sobre a Fênix. Ah! A Fênix. Estava com o sentimento de renovação, de recomeço. Mas a desgraçada acabou com tudo. Vadia! A tal da vingança é a pior desgraça do ser humano. E como o ser humano é fraco, mesquinho, pálido, pávido. Um nada.
E hoje estou rancorosa. Não consegui fazer as palavras bailarem. Não dá pra escrever nada bonito. Hoje não há beleza. E é o sofrimento a maior inspiração da escrita. Mas hoje não. A vingança, lembra dela? Ela está me perseguindo. Eu a detesto. Mas ela não me afeta. Mas afeta quem eu amo. E como amo!

E volto a lembrar da Fênix. Ela é só. Solitária que só ela. Mas ela sempre renasce da cinza. Pó e cinza. Mas renasce uma ave, linda, dourada, radiante, tal como o sol. Ave forte, que carregava até elefante e todos os problemas do mundo.

Nesse momento sou pó. Mas te carrego amor. Carrego tudo que for preciso por você. Estou só. Sou pó. Mas eis que das minhas cinzas nascerá uma outra eu. Mais forte e tão radiante quanto a Fênix. E de novo te levarei comigo e mostrarei a ti que é preciso renascer. Do que é preto, cinza e desprezível, nasce o que há de mais belo: luz e esperança.

Hoje estou com ódio. Jamais de você. Mas dela. Estou pó, mas me preparando para entrar em combustão. Aguarde, eis que nascerá uma nova eu. E quanto a você? Te carrego sempre comigo.
Amo-te cada vez. Amo porque me conquistaste. Amo-te porque escolhi te amar. Como a Fênix. Infinitamente.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Morri, e eis aqui, considerações póstumas

E os vermes já comem a minha carne fria e sem vida. Meu coração ainda dói, e muito, e solta fel. Mas daqui a pouco, eles o comerão também, e essa melodia fúnebre, tocada debaixo desse céu azulado de outono, já não chegará aos meus ouvidos...

Vou falar com sinceridade. Ignorarei aqui a minha mediocridade, a minha insignificância. Hoje eu posso, ninguém pode me acusar. Defunta pode tudo.

Descobri ontem uma das faces da morte. Descobri que a morte pode ser muito mais que o stop do coração e cérebro. A dona da foice, tem uma face que se oculta no sentimento. E essa face foi a mim apresentada.

Senti que a morte chega lentamente. Assim como em um ataque cardíaco, os sintomas são os mesmos. Fui invadida por um sentimento de pavor, medo. De repente comecei a tremer e o meu corpo já não obedecia meu comando. Me faltou o ar, o sangue não chega ao cérebro, o coração bate acelerado, descompassado. Todo meu corpo em choque, em dormência, e comecei a morrer lentamente de inanição.

Hoje, meu o corpo já mostra visivelmente as marcas cadavéricas. Pele amarela, fria, olheiras, muita palidez, semblante longínquo, onde nota-se somente traços que um dia vivi, e amei e me decepcionei e sofri, e sofri e sofri. Então resolvi te contar como é morrer, escrevendo essa memória póstuma, como meu amigo Brás Cubas. Certa vez ele disse: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria”. Também não tive. E agora não posso ter. E a minha miséria jaz comigo. Não afetará ninguém.

Daqui, de lonnnnnnnge, desse lugar silencioso, frio, afetado, que cheira a sepulcro, sinto na boca o fel do abandono. Da minha lápide eu o observo, cantando, assoviando no chuveiro e nem mesmo se lamenta pela tal viuvez. Mas é que seu coração sempre teve dona, a mim ele foi dado somente por curto empréstimo.

Ai, sinto os vermes que já começam a comer, lentamente meu corpo e faz cócegas e dói, mas quero que eles cheguem logo ao meu coração e o coma, pois mesmo aqui, morta, sinto dor, uma dor cega, que me invade até os fios de cabelo. E como é estranho ficar aqui, sem poder fazer nada, sem contar a vocês o futuro. Não vejo muito, mas consigo enxergar algumas coisas.

Vejo meu amor, meu carrasco, minha Dona Morte, vejo mais uma vez seu sofrimento. As suas risadas, seu bom humor, suas piadas, de novo não perduraram por longo tempo. Você está lá, sentando, bebendo mais que nunca, apavorado, desconfiado, com medo de se envolver, com medo de confiar novamente. Acho que você também está morto. Morto não, talvez cego, e surdo e estagnado. Se você fosse ser muito feliz com sua escolha, eu sinceramente te daria meu sangue. Mas não, aqui eu vejo, será tudo como antes, mais uma vez.

Mas não posso fazer mais nada. Fui morta, você ajudou a me matar e daqui, do meu túmulo eu só vejo, e prevejo, mas estou inerte, os bichos me comem, tudo ainda dói. Não amor, agora não sou mais só sua, sou também dos vermes, e agora já não valho nada. Sou carcaça, inerte, imóvel e fraca.

Quando se sofre um ataque muito forte do coração, de acordo com a sua vontade de viver, você consegue fazer algumas escolhas. Eu tive duas. Viver ou morrer. Porém, se escolhesse a vida, eu iria vegetar. Então eu veria você, feliz, sofrer, e nem sequer eu poderia mexer. Então escolhi a morte. Ainda vou te ver, e sofrer, e te ver feliz, e te admirar, e te odiar, e te ver sofrer ainda mais. Porém foi tirado de mim o poder de fazer algo, mas quem sabe, agora, morta, Deus me ouça, e eu peço a Ele pra cuidar bem de você, como eu queria cuidar, te tomar nos braços, te dar o mundo. E mesmo magoada, como eu ainda te amo...

Não fui jornalista, não fui mulher, não fui sua esposa e nem a mãe dos seus filhos. Fui uma fraude e já não há nada para ser, lembro disso olhando o azul roxeado desse tecido aveludado que envolve meu caixão. As flores ainda cheiram, e como é ruim esse cheiro, lembra solidão. Mas isso são reclamações de uma defunta que, daqui a pouco, será pó. Estou morta. E é isso. Não adianta me comportar como se ainda vivesse. O sofrimento já não existe, o amor já não existe. Só morte. Morte, morte e morte. Entre vegetar e morrer, eu escolhi a morte, pois sinceramente nesse momento a “Morte Me Cai Bem”.


“Na vida, o olhar da opinião, o contraste dos interesses, a luta das cobiças obrigam a gente a calar os trapos velhos, a disfarçar os rasgões e os remendos, a não estender ao mundo as revelações que faz à consciência; e o melhor da obrigação é quando, à força de embaçar os outros, embaça-se um homem a si mesmo. Porque em tal caso poupa-se o vexame, que é uma sensação penosa, e a hipocrisia, que é um vício hediondo. Mas, na morte, que diferença! que desabafo! que liberdade! Como a gente pode sacudir fora a capa, deitar ao fosso as lantejoulas, despregar-se, despintar-se, desafeitar- se, confessar lisamente o que foi e o que deixou de ser! Porque, em suma, já não há vizinhos, nem amigos, nem inimigos, nem conhecidos, nem estranhos: não há platéia. O olhar da opinião, esse olhar agudo e judicial, perde a virtude, logo que pisamos o território da morte; não digo que ele se não estenda para cá, e nos não examine e julgue; mas a nós é que não se nos dá do exame nem do julgamento. Senhores vivos, não há nada tão incomensurável como o desdém dos finados”.

:(]

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Jornalista agora pode ser qualquer um

Decepções de ato consumado. E agora José?

Foi decidido ontem pelo nosso justo e reto Superior Tribunal Federal - STF que para exercer a profissão de jornalista não é mais obrigatório ter diploma. Falando em uma língua clara e nada culta, significa que você (um otário) que estudou durante quatro anos em uma universidade particular e pagou uma nota preta (cerca de 50 mil), ralou feito louco, quase endoidou de trabalhos (tanto na particular ou federal) para realizar o mísero sonho de ser jornalista, perdeu seu precioso tempo (e dinheiro), pois agora, qualquer Zé Mané pode exercer a profissão (se é que existe a profissão agora).

Quarenta anos depois de ter sido criado, o diploma de jornalista não é mais obrigatório. A decisão do Supremo libera as empresas de comunicação para contratar profissionais de outras áreas ou mesmo sem formação superior. De acordo com o excelentíssimo ministro-relator do processo, o presidente do STF, Gilmar Mendes, aquele que concedeu habeas corpus ao Daniel Dantas e bateu boca com o ministro Joaquim Barbosa durante sessão plenária e etc., “a formação específica em cursos de jornalismos não é meio idôneo para evitar eventuais riscos à coletividade ou danos a terceiros”. Olha que besteira! Se é assim, essa tal afirmação deveria valer para outras profissões também, como a advogado, dentista, cirurgião, por exemplo. Quem sabe também, para contador e economista, pois para isso, basta então saber aritmética. E como se não bastasse tal infeliz citação, ele ainda por cima, comparou o jornalista a um cozinheiro: “para ser bom, não precisa ter diploma”. Não é nada contra o cozinheiro, mas há coisas que não se comparam.
“Um excelente chefe de cozinha poderá ser formado em uma faculdade de culinária, o que não legitima o estado a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nesta área”, defendeu o relator. Ou o mestre da baboseira. Mais infeliz impossível a meu ver.

Os ministros Eros Grau, Cezar Peluso, Cármen Lúcia, Ellen Gracie, Ricardo Lewandowski, Carlos Ayres Britto e Celso de Mello tiveram a mesmíssima postura. Foram oito votos contra um. O único a votar pela exigência do diploma foi o ministro Marco Aurélio Mello, que defendeu que qualquer profissão é passível de erro, mas que o exercício do jornalismo implica uma “salvaguarda”. Para ele, “o jornalista deve ter uma formação básica que viabilize a atividade profissional que repercute na vida dos cidadãos em geral”. Sábias palavras.

É obvio que vou concordar que uma universidade não garante a qualidade do profissional. Culpa dos estudantes? da universidade? talvez seja principalmente culpa de quem deveria zelar e fiscalizar os cursos. As vagas nas universidades tem aumentado, junto com a oferta de novas universidades e centros universitários (que tratam a educação como mercadoria e visa somente o lucro) e tem jogado no mercado, milhares de profissionais despreparados. Nas universidades públicas há problemas de sucateamento, falta de investimentos, e muita coisa grave. Mas percebemos que o problema está em todas as áreas. E o que será feito?

Formei há dois anos, e tenho notado como está desprestigiada a profissão de jornalista no Brasil. Não há glamour, como pensam alguns, nem salários gordos, como ganham alguns, muitos poucos, digam-se de passagem. O que há é trabalho duro, falta de horário, enfrentamento de cara feia e grosserias, porta na cara e muito mais. Ninguém mais respeita o jornalista e nem o que escrevemos. E essa situação só vai piorar, de agora em diante. Qualquer um que souber o mínimo da gramática, ousará se incursionar pelo caminhos da escrita. Não sabem esses tais ministros que o jornalismo verdadeiro é muito mais que escrever um fato, mas é paixão. Uma paixão cortante e despretensiosa.

E como ficará a questão salarial, agora que qualquer um pode exercer a função. O piso já é baixo, e tende só a baixar mais, já que nem todas as empresas de comunicação se importam com a qualidade do conteúdo que publicam e sim com a diminuição da sua folha salarial.

O STF deixou claro que a decisão não acaba com o diploma, só com a exigência dele e, que os cursos de jornalismo não serão extintos, mas serão as empresas de comunicação é que vão definir os critérios para contratar os profissionais. Se quiserem, podem continuar a exigir o diploma de jornalismo. Rarará, parece até piada e de mau gosto. Quem vai exigir um diploma se ele pode encarecer a mão de obra? Meu Deus, são os resquícios da ditadura, realmente ela não acabou.
A questão da disseminação da informação na internet através dos blogs também foi citada. Uai, podemos comparar os blogs à editoria de artigos e editoriais, no qual qualquer pessoa pode colaborar? Na verdade, qualquer profissional sempre pôde ser um colaborador remunerado de um jornal, só não podia exercer em período integral da profissão de jornalista.

“A comunicação de ideias, do pensamento, hão de ser livres, permanentemente livres, essencialmente livres, sempre livres”, apontou lindamente Celso de Mello. Liberdade de informação, de pensamento é o c... dá pra ficar puta da vida. E olha a outra ideia: “Não se pode fechar as portas dessa atividade comunicacional, que em parte é literatura, arte, muito mais do que ciência, muito mais do que técnica. Não se pode fechar a atividade jornalística para expoentes”, defendeu Carlos Ayres Britto. Meu Deus, acho que estudei jornalismo em Marte, ou então estou doida. Pra que serviu tanta aula de técnica, e ciências políticas e história da comunicação e etc. Se isso não serviria para nada o MEC não deveria ter permitido tais aulas. Tínhamos que ir todos a faculdade delirar e escrevemos em cadernos broxurões.

E olha o outro: “o curso de jornalismo, portanto, não garante eliminação das distorções e dos danos recorrentes do mau exercício da profissão, que são atribuídos a deficiências de caráter, de retidão e ética”, afirmou Cezar Peluso. Qualquer profissão há distorções e isso é muito claro, por exemplo, os ministros do STF acabaram de cometer uma. Ética, quem pode apontar ética no Brasil ou questionar a ética jornalística, se escrevemos de acordo com a lógica do dono do jornal, ou do governador, ou de quem mais sei lá quem. Caráter realmente não se forma na escola. E muito menos, aprende-se mais a ter caráter na escola de Direito, não é ministros?

Sinceramente estou perplexa com tanta poética. Em qualquer área, maus profissionais sempre hão de existir. Acredito que o curso superior para qualquer profissão agrega diversas vantagens e conhecimento. Quem sai ganhando com um jornalista de formação, ou qualquer profissional qualificado e bem treinado é a sociedade. Casos isolados existem. Há também milhares de profissionais que só tem o diploma e mais nada. Mas não podemos tomar a exceção como regra.

Precisamos nesse momento de sairmos da inércia e lutar contra tamanha ditadura. É preciso que se tome consciência dessa tamanha regressão. Que deixemos de ser o “Ser em Si” e passemos para o “Ser Para Si”, como aprendi com Sartre (em uma das minhas aulas de filosofia, que talvez seria melhor se eu não as tivesse tido, pois agora vão ter que engolir tudo), um ser com uma consciência do todo, criando um sentido, sem essência definida, mas em busca de algo maior. Que o que eu fui, seja refletido no que sou, e que isso possa mudar e mudar rápido. Chega de estagnação, de aceitar tal definição. É preciso que isso mude. Precisamos ser respeitados.

Esta é a segunda decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal na área de comunicação. Em abril, os ministros revogaram a Lei de Imprensa, editada durante a ditadura militar. Acho que o problema mesmo, somos nós. Estamos incomodando, a pedra no sapato.

Essa quarta-feira, 17 de junho de 2009, foi o maior retrocesso que já aconteceu para o jornalismo. Será com certeza uma das muitas e tristes datas histórica. É triste saber que ao invés de ganhar, perdi quatro anos da minha vida. Francamente...

Sheila Moreno, ou Cristina ou Maria, tanto faz mesmo agora.
Jornalista com diploma

terça-feira, 16 de junho de 2009

E já não importa mais...

O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta... o amor jamais acaba... 1Co.13:7-8

Dessa vez não foi como sempre. Pediu que eu o encontrasse. Desliguei o telefone, corri para o ponto e entrei no ônibus. Desci, subi o morro correndo. Meu corpo estava quente. Meu coração batia tão acelerado que eu não ouvia o trânsito. Minha ofegante respiração não permitia que eu sentisse a gélida brisa de início de noite. E a noite prometia ser fria. E como.

De longe o avistei, parado, na praça, encostado no carro. Logo pensei em muitas coisas, um pensamento desconexo, ensandecido, irregular. Desencostou do carro e me olhou por três segundos. Abaixou o olhar e eu tremia. E a um metro parei, imóvel como boneca de cera. Fiquei olhando. Senti seu coração acelerar. Já não havia mais nada na praça. A fonte parou, os carros pararam, as vozes se emudeceram. Eram só nós dois.

Resignado, ele já não era o mesmo do telefone. Pela primeira vez, eu não disse nada. Na minha mente, mil perguntas. Na minha boca, nenhuma. Ele me fitou rapidamente, mais uma vez. Seus olhos clamavam pelas minhas frequentes perguntas. E eu, nada. Meus lábios tremiam, controlando o choro. E eu muda, apenas o olhava... e como amava...

Foram minutos, mas pareceram horas... Ele me olhava e desviava o olhar. Eu, imóvel o fitava, sem piscar. Na minha cabeça toda uma cena construída, que poderia permanecer ou ruir, bastava sua palavra, que não vinha. De repente a noite ficou mais fria, nosso diálogo mudo era a inspiração da linda noite de outono, parados na praça tão inspiradora para os amantes.

De repente notei que ele tremia. Continuei olhando. Muda, imóvel. Senti nele uma relutância. Um medo. Uma tristeza. Uma decepção. Um misto de sentimentos. Nessa hora, notei nos seus olhos um princípio de lágrima, que ele insistia em não deixar cair. Nesse momento, não controlei e as minhas lágrimas escorreram. Senti um calafrio, senti que o tinha perdido. Mas ele continuou lá, calado, tremendo mais. Boca seca, olhos marejados.

Fui invadida por uma ternura, por um amor tão imenso, por uma humanidade, que jamais pensei possuir. Ao mesmo tempo sentia raiva, medo, rancor, ódio. Pedi a Deus em pensamento. Ele continuou parado, mudo, mas nesse momento uma lágrima saiu do seu controle. Então perdoei, sem antes mesmo saber. Com uma coragem que me saiu das entranhas, caminhei em sua direção. Estendi a minha mão trêmula. Era o que dava para fazer. Ele, tão trêmulo quanto eu, pegou com força minha mão. Sequei sua única lágrima, que era naquele momento a única testemunha do seu amor. As minhas, o frio já as havia secado. Ele beijou minha mão.

Começamos a caminhar pela praça. Continuamos calados. Ele apertava minha mão tão forte, com tanta expressão que doía. Eu sentia seu calor e pela mão, nos aquecíamos. E naquele momento tudo perdeu o sentido, só nós dois juntos era tudo.

E nada mais importava. E já não importa mais...

terça-feira, 9 de junho de 2009

Já se vão os dias... o que será???

Desconstruo minha alma; não há como saber. Onde estão as respostas, que existem em você??? Reação em Cadeia

Nossa... já faz seis meses que não escrevo nada aqui. Credo, como o tempo passa rápido, ontem comemorávamos o ano novo, hoje, já estamos na metade do ano.

Isso me faz, de repente, ficar mais assustada. Não dá pra fugir mais, tento mudar o rumo desse meu humilde blog, mas sempre cai na mesma: as relações humanas. Mas se é assim, que então seja.

Hoje ao fazer um exame, tive uma notícia, que não é bem assustadora, mas que me balançou um pouco. Fiquei chorosa o dia todo. Sabe aquele dia que você só quer um colo? Pois é. Agora mesmo, meus olhos marejam e me pego a pensar na vida. Será que a tenho conduzido de forma certa? Sinto-me tão amedrontada nesses dias. É que amor é bom, mas às vezes assusta.

Uma coisa é certa. Seríamos mais felizes e realizados se pudéssemos externalizar nossos sentimentos, assim, ficarmos de língua solta e coração aberto, com a mesma atitude que temos quando tomamos um gole de bebida a mais. Está certo que alguns exageram na cena, mas seria mais simples.

Porque não posso gritar no megafone que amo a Ele? Tatuar seu nome em mim, ou pichar nossos nomes no muro? Criar um álbum especial no Orkut só pra dedicar aos nossos beijos, aos nossos abraços que são tão bons, e etc, etc... Poder mostrar ao mundo que amamos, que somos felizes. É como se ao mostrar nossa felicidade afrontássemos alguém. Ser feliz não é proibido, é uma obrigação dada a nós e ponto.

Hoje estou me sentindo mais velha, parece que meus 26 anos pesam mais que 50. É engraçado, sempre fui a mais madura da turma, a que envelheceu antes de todas. De repente me sinto uma menina, assombrada, frágil, temerosa, como a vida nunca me fez sentir. Depender de alguém nunca esteve nos meus planos. E hoje, é como se apesar dos 50 anos que pesam sobre as minhas costas, o meu coração tivesse apenas 15. Estou com tanto medo, tão chateada, me sentindo tão incapaz. Pior é que não consigo nem mesmo saber o que estou sentindo, o que se passa na minha cabeça. Queria poder, de repente, assumir a idade que tenho, como sempre foi. Amar sem medo, desejar sem perceber, agir de todas as formas.

A única coisa que sei nesse momento é que amo, que estou com medo, que estou frágil e envergonha de assumir tal posição. Mas acho que o primeiro passo para mudança é assumir o que se sente e o que se quer. Agora, enquanto ouço meu pai discutindo, mais uma vez, por algo tão pequeno, tão mesquinho, tenho a certeza daquilo que não quero pra mim e nem quero ser.

Sei também que não quero que este ano passe em branco. Quero que meu amor cresça, amadureça, se assuma. Que os meus medos se dissipem. Que a minha fragilidade possa ser suprida e que meus dias sejam lindos e ternos, não sem problemas, sem desafios, mas com amor, companheirismo, cumplicidade.

Escrevo aqui e conto a você. Não quero que meus dias sejam como a letra do “Reação em Cadeia”: “Você tinha um segredo, e não quis me dizer. E o que guardo aqui dentro, são lembranças de você...”

Não quero esconder nada e muito menos viver apenas do passado. Que o que se foi fique, carinhosamente, guardado em uma gaveta de lembranças, bem no fundo do meu coração. Que não perca a sua importância, mas que também, não tenha mais importância do que mereça.

Desejo que meu ano seja incomparável e o seu também!