quarta-feira, 1 de julho de 2009

A grade

Socorro, alguém me dê um coração. Que esse já não bate, nem apanha...


Hoje mandei fazer uma grade.
Uma grade assim, mais ou menos de 15 cm, por 20 cm, bem quadradinha.
Mandei fazer a grade de aço inoxidável, para não enferrujar, com as barrinhas bem juntinhas, bem entrelaçadinhas, assim como devem ser as coisas, bem feitas, bem acabadinhas. Estão tão juntinhas que passam apenas ar e água.

Guardei na grade, meu Coração. Assim, bem guardadinho. Coloquei a grade no congelador, no fundinho, onde ninguém pode ver, tocar, apertar e guardei o congelador no fundo do porão.

Congelei meu coração. E com ele congelei as dores, as tristezas, a saudade, a amargura, o medo, a decepção e também o amor, a felicidade e a paixão. Foi preciso. Agora já não sinto nada. Meu peito tá vazio, vazio. Meu coração lá dentro, congelado. Talvez eu o tire de lá um dia... em uma nova era, quando viver for mais fácil e já não houver tanta covardia.

Mas pronto. No lugar do coração não há nada. E ele já não sente nada. Um monte de nada. E o pior que é até engraçado, mas eu não acho graça, porque ele tá congelado. Mas eu que um dia senti tanto, hoje optei por não sentir nada. Tadinho dele, já estava fraco, sinais vitais quase sumindo. Tava murcho, dolorido, todo esfolado. Então congelei mesmo. Tá duro, uma pedra de gelo. Não é feliz, mas também não é triste.

Desculpe gente! Eu não sou fria.
Tive que optar. Optei.
Ou congelava, ou ele morreria...

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