terça-feira, 16 de junho de 2009

E já não importa mais...

O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta... o amor jamais acaba... 1Co.13:7-8

Dessa vez não foi como sempre. Pediu que eu o encontrasse. Desliguei o telefone, corri para o ponto e entrei no ônibus. Desci, subi o morro correndo. Meu corpo estava quente. Meu coração batia tão acelerado que eu não ouvia o trânsito. Minha ofegante respiração não permitia que eu sentisse a gélida brisa de início de noite. E a noite prometia ser fria. E como.

De longe o avistei, parado, na praça, encostado no carro. Logo pensei em muitas coisas, um pensamento desconexo, ensandecido, irregular. Desencostou do carro e me olhou por três segundos. Abaixou o olhar e eu tremia. E a um metro parei, imóvel como boneca de cera. Fiquei olhando. Senti seu coração acelerar. Já não havia mais nada na praça. A fonte parou, os carros pararam, as vozes se emudeceram. Eram só nós dois.

Resignado, ele já não era o mesmo do telefone. Pela primeira vez, eu não disse nada. Na minha mente, mil perguntas. Na minha boca, nenhuma. Ele me fitou rapidamente, mais uma vez. Seus olhos clamavam pelas minhas frequentes perguntas. E eu, nada. Meus lábios tremiam, controlando o choro. E eu muda, apenas o olhava... e como amava...

Foram minutos, mas pareceram horas... Ele me olhava e desviava o olhar. Eu, imóvel o fitava, sem piscar. Na minha cabeça toda uma cena construída, que poderia permanecer ou ruir, bastava sua palavra, que não vinha. De repente a noite ficou mais fria, nosso diálogo mudo era a inspiração da linda noite de outono, parados na praça tão inspiradora para os amantes.

De repente notei que ele tremia. Continuei olhando. Muda, imóvel. Senti nele uma relutância. Um medo. Uma tristeza. Uma decepção. Um misto de sentimentos. Nessa hora, notei nos seus olhos um princípio de lágrima, que ele insistia em não deixar cair. Nesse momento, não controlei e as minhas lágrimas escorreram. Senti um calafrio, senti que o tinha perdido. Mas ele continuou lá, calado, tremendo mais. Boca seca, olhos marejados.

Fui invadida por uma ternura, por um amor tão imenso, por uma humanidade, que jamais pensei possuir. Ao mesmo tempo sentia raiva, medo, rancor, ódio. Pedi a Deus em pensamento. Ele continuou parado, mudo, mas nesse momento uma lágrima saiu do seu controle. Então perdoei, sem antes mesmo saber. Com uma coragem que me saiu das entranhas, caminhei em sua direção. Estendi a minha mão trêmula. Era o que dava para fazer. Ele, tão trêmulo quanto eu, pegou com força minha mão. Sequei sua única lágrima, que era naquele momento a única testemunha do seu amor. As minhas, o frio já as havia secado. Ele beijou minha mão.

Começamos a caminhar pela praça. Continuamos calados. Ele apertava minha mão tão forte, com tanta expressão que doía. Eu sentia seu calor e pela mão, nos aquecíamos. E naquele momento tudo perdeu o sentido, só nós dois juntos era tudo.

E nada mais importava. E já não importa mais...

4 comentários:

PITTY disse...

Sem palavras. Consegui sentir como se estivesse lá.
Bjs!!!

Unknown disse...

Lindo!

Unknown disse...

Liindo

RAFA disse...

Parabens garota... Gostei do blog.
Um grande beijo...
Rafael Fonseca.